Os Pioneiros da Imprensa em Uberabinha

Jornal “O Progresso” editado pelo major Bernardo Cupertino

O primeiro periódico que  surgiu em Uberabinha foi o semanário “A Reforma”, que pertencia a uma associação particular e era dirigido por Armando Santos.  Iniciou a publicação em 1897 e teve vida agitada e breve. Seu diretor participava da política e, nesse tempo, jornal que fizesse política não conseguia sobreviver.

A seguir, em diversas épocas diferentes, o “Gazeta de Uberabinha”, o “Cidade de Uberabinha”, “A Semana”, e “A Nova Era”, todos cheios de razão e espírito virtuoso, descreveram rápidas e fugazes trajetórias pelo céu de Uberabinha. Apareceram luminosos, brilharam por alguns momentos e se esvaeceram na noite escura do horizonte.

 

“Typographia” onde era impresso o jornal “O Progresso”. Sentado, à direita, o major Cupertino – foto divulgação
“Typographia” onde era impresso o jornal “O Progresso”. Sentado, à direita, o major Cupertino – foto divulgação

“O Progresso”

Em 1907, aproveitando o mesmíssimo prelo em que, durante uma década, haviam sido impressos os periódicos antecedentes, surgiu “O Progresso”. Fundado, dirigido e editado pelo major Bernardo Cupertino, esse periódico, que não se filiava ostensivamente a partidos políticos locais, mostrou-se desde o princípio bem orientado e capaz de vingar.

Um tanto pequeno e acanhado em seu começo, “O Progresso” encontrou bom acolhimento da parte do público e, com o passar do tempo, foi progressivamente fortalecendo e melhorando sempre, no formato, na apresentação da primeira página, na importância editorial.

Dirigido por seu editor-proprietário de forma dinâmica, “O Progresso”, embora fosse incondicionalmente apartidário, adaptava-se e fazia suas as causas do povo que, à sua vista, figurassem honestas e justas. E como um paladino da terra, batalhava pelo engrandecimento local.

Durante a agitada campanha civilista de 1910, “O Progresso” mostrou-se aguerrido parceiro das aspirações populares. Combateu as pretensões do militarismo em magistrais artigos  que mereceram honrosas referências e transcrições em outros avalizados órgãos da imprensa diária.

“O Progresso” foi, muitas e muitas vezes, orientador oportuno da opinião pública local em diversas questões de relevância, embora mostrasse em seu programa o alheamento dos assuntos partidários, das polêmicas demolidoras e dos escândalos oportunistas.

A papel refletia o temperamento equilibrado e bondoso do seu diretor, a quem Uberabinha deveu o obséquio de haver ensaiado e tornado possível a imprensa moralizada, educativa e imparcialmente justa. Infelizmente encerrou suas publicações em 1918, logo após o falecimento de sua alma, o major Cupertino, deixando de si boas e saudosas recordações.

Contemporâneos de “O Progresso”, ainda que em períodos sucessivos de breve duração, foram, em ordem cronológica, “A Voz de Uberabinha”, “O Paranahyba” e “O Brasil”, semanários de bom formato que prestaram estimável serviço à causa pública.

Jornal “A Tribuna”, dirigido por Agenor Paes
Jornal “A Tribuna”, dirigido por Agenor Paes, cidade de Uberabinha

Preenchendo sua lacuna, surgiu o jornal “A Notícia”, que durou apenas um ano. Em seguida nasceu “A Tribuna”, propriedade de uma associação.

Muito bem diagramado, com boa apresentação, enriquecido oportunamente de fotografias e gravuras referenciadas a homens e coisas, “A Tribuna”, continuando as honrosas tradições do “O Progresso”, foi paulatinamente afirmando-se na cidade. Foi dirigido por Agenor Paes que, carinhosamente, lhe dedicou o melhor de sua inteligência e energia. Diziam na época que ocupava lugar de destaque e prometia fazer carreira.

Outros ensaios ocorreram da impressa local, como o “Diário de Uberabinha, de pequeno formato, surgindo em 1917, mas desaparecendo rapidamente. Surgiu também a revista “A Escola”, dirigida pelo professor Honório Guimarães, propondo-se a debater os interesses da instrução e educação da primeira infância. Circulou durante algum tempo, com boa aceitação do público. Vários outros surgiram ocasionalmente com fins publicitários, geralmente ficando na primeira edição.

Surgiram também os jornaizinhos de humor, cheios de críticas casuísticas e debochadas. Geralmente duravam um trimestre, prazo que cobravam por sua assinatura.

Uberabinha estimulava as tentativas editoriais de qualquer espécie, tendo em vista a comodidade que oferecia aos editores locais, na fácil utilização de suas oficinas de obras gráficas, com máquinas ditas excelentes, movidas a eletricidade.

Essa facilidade incentivou o surgimento do “Almanak de Uberabinha”, dois volumes fartos de notícias e informações úteis, em 1911 e 1912, editados por Zacharias de Mello, na Livraria Kosmos.

Propaganda da Livraria Kosmos, oferecendo a “typographia de obras” movida a eletricidade.
Propaganda da Livraria de Kosmos, oferecendo a “typographia de obras” movida a eletricidade.
Curioso anúncio pago, publicado em periódico de Uberabinha
Curioso anúncio pago, publicado em periódico de Uberabinha

 

 

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